sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Juruti, Oriximiná e Óbidos-PA

Antes de chegar a Juruti Nildo confessou que iria fazer uma surpreza para seu pai, pois havia 8 anos que não o via, e eu estava ancioso para ver como seria este reecontro. Chegamos e lá estava o pai dele a frente da casa, na qual tinha uma oficina de bicicleta de onde tirava o sustento.

Para minha surpresa o pai dele não o reconheceu (foi como aquele programa "De Volta a Minha Terra"... rsrsrs), e só depois dele se apresentar como filho veio o abraço, o pai dele ficou emocionado por ver o filho depois de muito tempo, ele é uma pessoa simples e tranquila, e que me tratou super bem enquanto estava por lá.

No mesmo dia fomos visitar os tios e tias de Nildo, e a cada visita era uma nova surpresa, ele chegava como um estranho nas casas de seus parentes e logo ao reconhecer quem era iam lhe abraçando, seguindo de uma longa conversa para colocar os assuntos em dia, nesta parte da viagem senti que Nildo estava "matando" toda a sua saudade da cidade onde havia passado a infância, foi legal presenciar a sua felicidade de poder reencontrar todos que sentia saudade.

Logo ao pedalar pela cidade de Juruti senti um pouco parecida com Boa Vista-RR, as ruas, as casas e até mesmo a tranquilidade me fazia recordar da capital de Roraima. Lá muita gente trabalha na mineradora Alcoa já que é a maior empresa do município, localizada á 53km da zona urbana. A Alcoa, além de explorar a bauxita da região (tipo de pedra) realiza vários projetos ligados ao meio ambiente e infra-estrutura do município, como sinalização, estradas com ciclovias e outros... garantindo seu direito de permanecer no local.

Também em Juruiti fui desenhar na praça em frente a Igreja Católica, onde era bem movimentada nos fins de semana. Na praça ainda lucrei R$70,00, valendo o trabalho e garantindo minha alimentação por mais alguns dias.

Ficamos uma semana em juruti, conheci um banho chamado ponte, comprei um celular novo (pois o outro danificou depois de molhá-lo), fiz amizades, descobri que o conhecido dim-dim de Manaus por lá se chama flaw, comi um peixe saboroso da região, comi muito tucumã e conheci um ciclista do município, que disse ser somente ele e mais outro a se dedicar nas competições para representar o município.

No dia 18/01/11 peguei o barco de Juruti rumo a Oriximiná, a viagem foi a tarde e quando chegamos já tinhamos um lugar para ficar, pois a mãe do Nildo tinha uma casa por lá, onde uma mulher cuidava para não deixar a casa sozinha.

A D. Vânia que cuidava da casa nos recebeu muito bem, oferecendo até mesmo alimentação enquanto estavamos por lá, ajudando a economizar bastante. Em Oriximiná mora vários parentes de Nildo, e assim como em Juruti fomos primeiro visitá-los para então conhecer a cidade.

Oriximiná é uma cidade bem desenvolvida e possui várias praças bonitas, se destacando entre elas a praça Sentenário, sendo muito visitada pelos moradores e turistas. Ainda no primeiro dia encontramos um grupo de ciclistas, que formavam uma equipe e representavam uma oficina de nome Rebike. Conversei com eles e fui convidado para participar de um de seus treinos, onde aproveitei para falar de minha viagem. Ainda antes de partir da cidade fui até uma cachoeira a 30km, onde fui convidado para conhecê-la por um dos ciclistas.

Durante toda a semana que permaneci em Oriximiná choveu muito e não fiz nenhum desenho em praças e nem encomendas. Ainda em Oriximiná recebi a noticia de que Nildo não poderia mais me acompanhar pois de lá iria pegar o barco de volta a Manaus para resolver assuntos pessoais, e dali para frente eu seguiria sozinho.

No dia 24/01/11 parti para Óbidos pela estrada, com a distância de 86km de Oriximiná até lá. Ao sair pretendia realizar este percurso em dois dias, devido aos enormes bancos de areia espalhados pela estrada, e também pela forte possibilidade de pegar chuva no caminho. No caminho há uma vila chamada de Repartimento, e seu nome é dado devido a sua localização ser bem na metade do percurso entre Oriximiná e Óbidos.

Dei início a pedalada as 08:00 h, e entrei na estrada de areia rumo ao novo destino, como sempre perguntando das pessoas que encontrava para confirmar o caminho certo. As 11:00 h com quase 40 quilômetros pedalados decidi parar para preparar o almoço e as 12:30 h continuar o pedal.

As 13:00 h cheguei na Vila Repartimento, achei a vila pequena e tranquila, um ótimo lugar para pernoitar, mas como ainda era cedo repensei o caso. Ainda faltavam 43km até Óbidos e tinha mais 4 horas até começar a anoitecer, minha média de pedal estava em 14 km/h, e então decidi arriscar e continuar o pedal. Já na segunda parte deste dia de pedal encontrei muitos bancos de areia, me obrigando a empurrar a bicicleta durante quilômetros. Cheguei em Óbidos as 20:00h já exausto de tanto empurrar a bike, e enfim liguei para um amigo de meu pai (Junho) que assim como nos outros locais fui muito bem recebido por ele e sua família.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Parintins - AM ao Juriti - PA

Ficamos em Parintins durante 5 dias, hospedados na casa do Edmar (Plim-Plim) que nos recebeu muito bem, o pessoal do ciclismo por lá está passando por uma grande evolução, devido a iniciativa de alguns para montar uma associação de ciclísmo no município. A associação esta sendo liderada pelo próprio Plim-Plim que ja regularizou tudo, até mesmo providenciando uma logomarca.
É muito legal ver o desenvolvimento do esporte em locais um pouco afastados da capital, onde o incentivo e apoio são as vezes bem mais difíceis. A idéia da associação é muito linda, envolvendo toda uma filosofia social, onde tentam mostrar todo o lado bom do esporte na construção de um bom cidadão, com saúde e responsabilidade com a comunidade.
Eles ja montaram um calendário de eventos envolvendo todas as modalidades, desde bicicros ao ciclismo de estrada, ate mesmo palestras em escolas e passeios de conscientização e incentivo ao esporte. Dá para ver que sua iniciativa tem como motivação a visão do esporte para a população, promovendo saúde e bem estar.
A associação ciclística de Parintins esta tendo em 2011 seu primeiro ano de atuação, e já promete um bom trabalho, mas como todo projeto social ira ter seus obstáculos que tenho certeza de que serão vencidos, pois a sua frente estão pessoas motivadas pelo amor ao próximo, não só ajudado atletas, mas icentivando cada vez mais pessoas a melhorarem seus padrões de vida.
Como foi minha primeira visita a Parintins não poderia deixar de conhecer um pouco sobre a arte do local. Logo no primeiro dia ao passear pela cidade notei várias esculturas, pinturas e outras obras de arte espalhadas pela cidade. Quem já houviu falar desta cidade sabe a fama que tem dos artistas que la vivem, e como adoro a arte decidi conhecer a Associação dos Artistas Plásticos de Parintins (AAPP), por lá encontrei várias telas bem trabalhadas e cheias de estilo, mas ao conversar com alguns artistas pude concluir que não recebem tanto apoio das autoridades competentes, ja que pela grandeza e qualidade dos artistas plásticos, a cidade ainda é carente de um bom local para a divulgação dos trabalhos, faltanndo uma galeria para exposição de artes e um museu para mostrar através dela a história de toda a cultura local.
Parintins é uma cidade que ainda vai evoluir muito, apartir do momento que valorizarem ainda mais todo o seu potencial artistico e cultural. Esta ilha além dos artistas é bastante conhecida pelos seus festivais, como sendo o principal o do Boi-Bumbá que ocorre na metade de todo ano. Torço para que tudo dê certo por lá, e que todas as idéias bem pensadas para a melhoria do local sejam bem patrocinadas, ganhando cada vez mais o merecimento de toda a fama que possui.
Dois dias antes de partir descobri que havia uma estrada da Vila Amazonas próximo a Ilha de Parintins até Juriti no Pará (140km). Nós iriamos de barco até o local, mas concerteza após a notícia não perderiamos a oportunidade de conhecer a tal estrada, alguns ate bagunçavam que ao invés de cicloturismo estavamos praticando barcoturismo...rsrsrs
Na segunda feira pela manha com tudo arrumado pegamos o barco para atravessar o rio até a Vila Amazonas, e depois pegar a tal estrada. Depois de atravessar o rio fomos almoçar no restaurante da Dona Denise que foi muito gentil e não cobrou nada pelo almoço após falarmos sobre nossa aventura. Ao meio dia demos inicio ao pedal até a Comunidade da Valéria (40km) aonde fica a divisa do Amazonas com o Pará, foram 40 km de pedal neste dia, por uma estrada de barro com pedras que tornaram a viagem bem divertida, já que minha paixão por trilhas é incontestável. Chegamos na comunidade as 18h já nos preparando para pernoitar, ao chegarmos no local procurei o lider da comunidade que nos levou até uma casa antiga e desabitada onde poderiamos nos acomodar, os morcegos atrapalharam um pouco o sono, mas apesar de todo o barulho dormi bem devido ao cansaço do dia de pedal.
A comunidade Valéria é pequena, e no dia seguinte partimos para passar pela Comunidade de Galiléia e tentar chegar em Juriti no Pará (100km), a estrada desta vez se tornou mais perigosa cheia de obstáculos me fazendo lembrar das trilhas que percorria com minha bike no Amazonas. O percurso para mim foi super legal, e algumas vezes até esquecia que estava com bagagem descendo as ladeiras esburacadas soltando o freio, e com muita velocidade. havia partes totalmente desabitadas, e chegavamos a ficar horas sem ver ninguém pela estrada. Não tinhamos idéia de como era a estrada e sempre tinhamos que perguntar qual o caminho certo.
A cada km que percorríamos, a estrada de barro ficava mais isolada, e o medo de se perder também aumentava, a estrada tinha muitos desvios, poças de lama e a mata ainda era muito fechada, acontecendo algumas vezes de acharmos que acabaríamos tendo que dormir dentro da mata (ainda bem que não aconteceu nada desse tipo). Ao pedalarmos quase 6 horas dentro da mata fechada sem ver nenhuma outra pessoa, acabamos chegando na estrada de asfalto que faz ligação da Mina Alcoa com Juriti, de lá ainda teríamos que pedalar mais 50km até a cidade.
Chegamos a Juriti exaustos, após termos pedalado quase o dia todo, a sensação era de dever cumprido e ao lembramos dos detalhes do percurso pensamos no que ainda virá pela frente, passamos momentos de tensão em algumas horas mas de agora em diante tomaremos mais cuidado ao entrar em estradas desconhecidas.
Aqui em Juriti o Nildo tem familia, e estamos ficando na casa do pai dele, a partir de amanhã vamos conhecer a cidade e após alguns dias partir de barco para Oriximinã.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Amazonas

Começo a escrever aqui do município de Itacoatiara,estou com mais de uma semana de viagem, percorri 270km e agora estou prestes a pegar o barco para Parintins.

No dia 27 de dezembro de 2010 iniciei minha ciclovigem pelo Brasil, com duração de aproximadamente 2 anos, onde irei percorrer todos os 26 estados brasileiros e distrito federal. O objetivo da viagem é realizar logo após, um livro sobre a mesma, e então criar meios para o incentivo desta modalidade aqui no Amazonas.
No ano de 2009 realizei uma cicloviagem pelo estado de Roraima no norte do país, aproveitando para cruzar a fronteira com a Venezuela e Guiana Inglesa. Nesta conheci os interiores roraimenses e suas reservas indígenas, aprendi muito nesta aventura, e agora vou partir para o restante do país para aprender ainda mais.
Passei um tempo para convenser minha família da idéia, mas agora com o apoio de todos estou mais confiante. Acho muito importante deixar a famlília e amigos cientes que esta fazendo algo que gosta e que acredita ser o caminho para viver sem arrependimento.

Comecei a pedalar em competições e agora me dedico ao cicloturismo, realizei 3 viagens da capital do Amazonas-Manaus a capital de Roraima- Boa Vista (800km), duas sozinho e uma com a companhia de um amigo (Nildo), que aliás é o mesmo que me acompanha agora numa parte do trajeto, pois ele vai comigo até a capital do Maranhão- São Luíz, já que tem família e emprego, por isso seu tempo é limitado a aproximadamente três meses.

Estou mantendo um ritmo lento durante os dias de pedal, pois o peso da bagagem chega perto dos 50kg, carregando desta vez alimentos para preparar em um fogão a álcool que também levo comigo. estou economizando bastante, pois não gasto com pousadas, dormindo em rede ou barraca, e gasto em média R$ 7,00 por dia.


No município de Rio Preto dormimos na praça do Cristo, onde ficamos três dias, fizemos amizades e conhecemos bem o local, também aproveitei para adiantar alguns desenhos que haviam encomendado.

Trouxe pouco dinheiro para me manter na viagem, mas sempre procuro ajuda nas comunidades por onde passo, além de fazer desenhos a lápis do tipo retrato e caricatura no valor de R$10,00 em praças públicas e em outros locais, quando iniciar as aulas do ano letivo pretendo montar turmas de curso rápido de desenho a lápis em convênio com as escolas, cobrando uma taxa de inscrição e com duração média de 1 semana.


Do Rio Preto pedalamos até o km115 da AM-010 no Ramal Casa Branca para passar o ano novo com minha família que estava nos esperando no sítio de meu tio, e após as comemorações nos despedimos de todos e pedalamos 80km para a Vila de Lindóia onde dormimos dentro de um barco em baixo da ponte sob o Rio Urubu, o local foi oferecido pelo seu João que era o vigilante. Ao acordarmos Nildo ainda pescou dois peixes, uma matrinxã e um aracú, garantindo o almoço do dia, logo após pedalamos mais 80km para Itacoatira.

Chegamos em Itacoatiara anoite devido ao atraso causado pela chuva, e chegando lá fomos procurar a casa de um amigo ciclista, o Cláudio, que nos recebeu muito bem, nos ofereceu um lugar confortável para dormir e alimentação. Além de tudo nos ajudou a procurar ajuda para custear as passagens até Parintins onde vai ser a próxima parada, e junto com a ajuda do Antônio Beleza (dono do Auto Posto de Lavagem São José) que é responsável pelo ciclismo do município. Nos sentimos em casa com todo o apoio que recebemos, conhecemos a cidade, que aliás achamos muito bonita, e ja no último dia conseguimos todo o valor das passagens através de doações, ajudando a economizar bastante.

Na noite do dia 5 de janeiro de 2011 pegamos o barco (14 DE OUTUBRO) rumo a Parintins, foi minha primeira viagem no meio fluvial, decidimos dormir no último andar do barco, e o frio foi muito forte me obrigando a usar o saco de dormir. Pela manhã as 05:00 h do dia seguinte desembarcamos na cidade, logo um ciclista se aproximou e nos disse que conhecia o Presidente da Federação do local, seu Edmar, mais conhecido como Plim-Plim, fomos até a casa dele, onde denovo fomos muito bem recebidos, os ciclistas do Norte estão se mostrando muito unidos, e aonde chego sou bem tratado com uma hospitalidade como se ja me conhecessem a muito tempo.

Não demorou muito e o seu Edmar me convidou para dar um passeio pela cidade mostrando um pouco da história do local, foi muito legal e a tarde tivemos outro passeio com outro ciclista conhecido como Caroço, também uma pessoa muito bacana.

Pretendo ficar até domingo dia 09, pois os convites são muitos, tanto para entrevistas como para conhecer melhor o local, daqui pretendemos ir para Juriti Novo, o primeiro município que vamos encontrar no Pará.