sábado, 19 de março de 2011

Vida de Bicicleta !!!

Quando a conheci subestimei sua importância, mas por curiosidade acabei me envolvendo por seu exotismo. Logo me vi completamente envolvido e apaixonado pela sua capacidade de mostrar o mundo com outros olhos, olhos estes que revelam o prazer de viver e explorar o que temos de mais valioso, a "vida".
Me mostrou que o prazer esta em superar limites, e buscar conhecimentos que somente a enorme variedade de culturas poderiam nos proporcionar.
Me mostrou que é preciso ter compaixão com o próximo, pois a sabedoria do mundo esta dividida entre os seres, e não somos seres individuais. Me ensinou que é preciso paciência para superar as estradas da vida, e que a melhor sensação é a de olharmos para trás e perceber que somos nós os responsáveis pela dimensão dos obstáculos, e é nessa hora que percebemos que somos seres capazes de ultrapassar limites quando muitos acreditam ser impossíveis.
A bicicleta para mim é uma lição de vida.
(Kayo Soares)

a bicicleta é: econômica, ecológica, saudável e divertida.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Caminho para Uruará - PA


Saí da Escola da Floresta com a intensão de chegar novamente a Santarém para entregar alguns trabalhos de desenho que haviam me encomendado, quando no meio do caminho avistei uma placa (município de Belterra á 16 km), naquele momento estava chovendo e fiquei na dúvida se iria ou não pegar aquele caminho para conhecer mais um município do Pará. Pensei um pouco e decidi pegar a estrada de barro rumo a Belterra, então com uns 10 km rodados me arrependi de ter tomado tal decisão, pois a estrada estava repleta de lama e o que era pior, ela possuia um barro grudento que travava as rodas da bicicleta me impossibilitando de seguir em frente, sofri muito para chegar em Belterra, foram uns 10 km de sufoco, tinha que parar praticamente de 50 em 50 metros para tirar o excesso de barro dos pneus, mas enfim consegui chegar.
Ao entrar na cidade estava irreconhecível, e todos olhavam para mim repleto de lama junto a bicicleta, na cidade só tinha dois hoteis e ambos estavam lotados, fui atrás de alguma ajuda pela cidade quando encontrei uma casa onde alugava-se quartos, como sempre expliquei minha situação, e a dona do local disse que também não tinha quarto disponível, mas insisti e ela disse que poderia atar minha rede na varanda da casa para aguardar até desocupar um quarto no outro dia, aceitei e fui logo tomar um bom banho, naquele dia dormi como uma pedra de tanto cansaço, e no dia seguinte fui dar uma volta pela cidade depois de passar umas 5 horas lavando a bike de tão suja que tava, não fiquei muito tempo por lá e logo parti para Santarém a 40 km para entregar os desenhos encomendados.
Em Santarém entreguei os desenhos e no outro dia peguei a estrada para Uruará. A distância até Uruará era de 220 km e tive que fazer em três dias, no primeiro dia passei por diversas comunidades, em algumas parei para merendar e só fui parar perto da Usina Hidrelétrica de Curuá-Una já com 70 km pedalados onde conheci um fazendeiro que me hospedou e ofereçeu comida até o dia seguinte.
No outro dia segui novamente pela estrada, até então ao vir de Santarém havia pedalado em estrada asfaltada, mas dali em diante teria que pedalar em uma estrada que havia sido feita recentemente e em situação precária. Logo no início do dia passei por dentro da Usina Hidrelétrica Curuá-Una para poder continuar pela estrada, e dalí por diante começou a parte ruim, pois além da estrada ser deserta , tinha diversos atoleiros e bancos de areias, a parte boa era pedalar dentro da Floresta Amazônica com mata virgem e com um clima super agradável. No caminho me deparei com diversas ladeiras íngremes que me forçaram a empurrar a bicicleta, com 70 km pedalados consegui chegar na Vila do rio Tutuí onde fiz amizade com a Dona de uma mercearia, por lá conversei bastante com os moradores que me enchiam de perguntas sobre a viagem, eles me ajudaram com refeições enquanto estive por lá e fui tratado super bem por todos. Cheguei a ser convidado para um passeio em um barco com motor de rabeta pela beira do rio Tutuí, aceitei o convite e achei super legal, pois pude conhecer um pouco sobre a vida das pessoas ribeirinhas e suas dificuldades para sobreviver no local, contudo todos gostavam da vida tranquila que levavam longe das cidades grandes.
Chegou o dia de pedalar até o município de Uruará e me despedi dos amigos da Vila Tutuí. Apartir daquele momento começaria a pedalar por uma das piores estradas que encontrei desde o início da viagem, jamais havia passado por atoleiros tão extensos. Na estrada tinha de tudo, lama, areia, ladeiras íngremes, descidas que pareciam não acabar mais, árvores gigantes e mata fechada, via constantemente animais atravessando a estrada, e passava horas sem ver ninguém, as únicas pessoas que vi na estrada foi por volta do meio dia, eles estavam á uns 50 metros da estrada e só percebi sua presença devido á uns barris que ficavam na entrada do ramal. Ao me aproximar do local falei que estava viajando e que estava precisando de água, eles me deram água para tomar e ainda me convidaram para almoçar, eles moravam em um barraco feito com lona, mais conhecido como rabo-de-jacú, e trabalhavam com extração de madeira da mata, conversei um pouco com eles e percebi que muitos trabalhavam no mesmo ramo pela região, não sei se o trabalho deles era legal, mas percebi que não havia fiscalização nenhuma e muitas pessoas desmatavam a vontade por ali.
Continuei o percurso e muitas vezes vinha um sentimento de tensão a cada vez que houvia um som de um animal grande, pois as histórias de onças por ali eram muito comum, ainda bem que não encontrei nenhuma pelo caminho, acho que se encontrasse alguma não estaria aqui para contar o resto da história. De todos os obstáculos da estrada os piores eram os atoleiros gigantes que encontrava, neles a bicicleta afundava em tanta lama e ficava difícil até de empurrar, chegando a pensar as vezes que não conseguiria continuar pela mesma estrada. Foi muito difícil mas consegui, cheguei em Uruará exausto como nunca tinha ficado em toda a minha vida, a vontade era de gritar de alegria, tenho certeza que quando for pensar em uma estrada ruim lembrarei desta, esta ficará gravada como uma das maiores experiências que passei em questão de superação física e psicológica.

bicicleta e os atoleiros.

caminhões que transportam a madeira retirada da floresta amazônica.

Usina Hidrelétrica de Curuá-Una.

Fotos da estrada.1

Fotos da estrada.2

Fotos da estrada.3

Escola da Floresta, Santarém- PA

Ao sair de Alter-do-Chão percorri uns 5 km até chegar em uma placa onde avisava que ali havia uma escola, mas uma escola diferente, uma "Escola da Floresta". Não pude deixar de entrar e conhecer o tipo de trabalho que ali faziam, e ao chegar no centro do local fui me apresentar para os coordenadores, disse que queria saber o tipo de trabalho que realizavam... então fui apresentado para a Prof. Débora, que logo me chamou e explicou com detalhes a história e detalhes do trabalho que desenvolviam.
A Escola da Floresta desenvolve uma metodologia específica visando promover a formação de cidadãos mais conscientes e capazes de realizar ações que venham contribuir para um planeta mais saudável e em condições favoráveis a melhor qualidade de vida dos seres vivos.
Ela é patrocinada pela Prefeitura de Santarém através da Secretaria Municipal de Educação e Desporto (SEMED), e tem como objetivo realizar atividades práticas orientando a mudanças de comportamento e valores quanto á preservação e conservação do meio ambiente. Também compartilha experiências e ações em educação ambiental junto a comunidade escolar e a sociedade civil com a atuação de um grupo de educadores ambientais, formado por profissionais multidisciplinares.
PARA QUE E PARA QUEM FAZER EDUCAÇÃO AMBIENTAL => As atividades humanas no último século modernizaram-se intensamente, mas sempre se valeram de matérias primas retiradas da natureza. Dessa forma vem se esgotando rapidamente os recursos naturais e causando incontáveis impactos negativos para o meio ambiente em todo o mundo. Tanto progresso e modernidade acabaram gerando a competitividade e a ambição por lucros econômicos exorbitantes . Nessa luta incessante por dinheiro e poder, a vida do planeta ficou ameaçada e começa-se uma nova luta, mais urgente e fundamental, que é a de salvar a "casa" de todos os seres vivos. A educação ambiental vem mostrar que os seres humanos dependem da natureza para sobreviver e vem a ser um meio de sensibilização e de chamar a atenção para a responsabilidade de cada indivíduo, independente de onde esteja ou atue.
METODOLOGIA=> A escola da floresta funciona como uma atividade de extensão á formação dada pela escola formal aos alunos do Ensino Fundamental na Rede Municipal. De forma paralela, também atende a escolas estaduais, particulares, universidades e instituições governamentais e não-governamentais. O atendimento é feito através de agendamentos das escolas e instituições que marcam o dia para seus alunos e professores participarem das atividades oferecidas diariamente na Escola. Educandos e educadores vivenciam a experiência de ficar um dia inteiro no espaço da escola tendo contato direto com a a floresta e recebendo orientações de convivência harmônica com o meio natural.
CARACTERIZAÇÃO=> A Escola da Floresta está localizada na Rodovia Everaldo Martins em Alter-do-Chão, com uma área rural de 33 hectares de floresta secundária. Tem espaços diversos onde são desenvolvidas atividades com os alunos como: casa do Seringueiro, barracão de aula interativa, casa da farinha, viveiro de plantas com capacidade de 80 mil mudas anuais, meliponário, casa da vegetação, trilhas educativas,, memorial Chico Mendes, casa do pescador, viveiro de peixes, cozinha, barracões (auditório central e mini-auditório), banheiros e passarelas que levam ao Lago Verde. É um local que abrange ecossistemas florestais e fluviais.
Escola da Floresta, FONE: (093) 9122-7514
SEMED (Santarém): (093)3523-1017 / (093)3522-5890

sábado, 5 de março de 2011

Alter do Chão- Santarém - Pará

Naõ poderia deixar de conhecer Alter-do-Chão á 30 km de Santarém, um dos lugares mais belos do país, com suas praias lindas que deixam qualquer um com saudades depois de conhecê-las.
Por lá o único problema que encontrei de início foi o auto valor das pousadas e refeições, mas como todo cicloturista esperto consegui arrumar um jeito de economizar e aproveitar bem o local. Para dormir acampei na beira da praia do Cajueiro, e passei muito bem nas 4 noites que fiquei por lá, e para me alimentar consegui fechar acordo em um restaurante da praia, pois expliquei minha situação e depois de muita conversa consegui um desconto de 75% nas refeições, foi difícil mas enfim só consegui por que fiz primeiro amizade com o dono do estabelecimento.

Todos os dias ao acordar a primeira coisa que fazia era dar um mergulho nas águas do rio Tapajós, tive sorte de não chover nas noites que fiquei, pois estava dormindo em rede atada nos troncos das árvores da praia, imaginem se acordasse no meio da noite com um temporal, mas enfim nada deu errado por lá, muito pelo contrário, foi tudo melhor do que esperava. Cheguei em uma época do ano em que as praias estão em sua melhor apresentação, pois com mais algum tempo elas sumiriam devido as fortes chuvas do inverno, e ainda faltava apenas uma semana para o carnaval de lá, e as praias estavam repletas de turistas, e além de aproveitar as praias trabalhei muito com meus desenhos ajudando nas despesas.

Por lá encontrei pessoas de Boa Vista-RR, Manaus-AM, Belém-PA, e de muitos outros estados do Brasil além de muita gente também de países estrangeiros, todos conhecendo o lugar. Uma das praias mais visitada do lugar fica em uma ilha que chega a desaparecer durante o inverno (Ilha do Amor), as pessoas atravessam em canoas até a ilha onde possui bares e restaurantes com cadeiras e guarda-sóis espalhados pela praia para aproveitar e tomar um bom banho com toda a beleza do lugar. Outra coisa que me chamou atenção foi o nascer e pô-do-sol, pois o cenário ficava lindo para tirar fotos e deslumbrar a natureza. Gostei muito de Alter-do-Chão, por lá fiz amizades e aproveitei da melhor maneira possível os 4 dias que fiquei.

Nos meses que vão de março a agosto algumas praias chegam a desaparecer, mais com a volta do verão tornam a surgir, por isso é recomendável pesquisar antes de fazer turismo na região.praia do cajueiro
pôr-do-sol em Alter-do-Chão
rosto de índio feito com cipó

passeios turísticos em canoas (catraias)

sexta-feira, 4 de março de 2011

Santarém- PA

Cheguei na segunda maior cidade do Pará (Santarém) já cansado perto de anoitecer, e minha primeira ação foi procurar o endereço dos pais de um amigo de Manaus, pois o mesmo havia dito que poderia procurar ajuda por lá. Andei um pouco a procura do endereço e no caminho fui observando a beleza do Calçadão da Orla de Santarém, um dos pontos mais lindos e agradáveis da cidade, muito frequentado por turístas, praticantes de atividade física e famílias da própria cidade.

Acabei encontrando o endereço e logo de cara fui muito bem recebido pela família do meu amigo (Alexandro), por lá tive poucos gastos devido toda a ajuda que recebi, e depois de tomar um bom banho para tirar o cansaço fui descansar para conhecer a cidade no outro dia. No dia seguinte dei um banho na bicicleta e fiz uma revisão que ja estava precisando devido a falta de tempo para lubrificá-la na estrada, então percebi que precisava comprar algumas coisas para ela antes de continuar viagem.

Em Santarém passei uma semana e meia trabalhando com desenho para poder comprar o que estava precisando, fiz muitos trabalhos por lá, e meu ponto preferido para desenhar era o calçadão da orla, pois era o ponto mais movimentado durante a noite, e por isso ótimo para mim trabalhar. Conheci muitos turistas que por ali passavam, e muitos outros viajantes assim como eu, cada um com idéias diferentes na cabeça, alguns até me surpreenderam com suas maneiras de ver o mundo e a própria vida, me fazendo refletir muito mais sobre os verdadeiros motivos que levam alguém a viajar pelo mundo com uma mochila nas costas.
A cidade de Santarém é muito grande e bem desenvolvida, ocupei boa parte do meu tempo por lá trabalhando, e consegui comprar quase tudo que precisava, ou pelo menos para poder continuar viagem, troquei os pneus da bike (pois precisava de pneus bons para o terreno que iria entrar apartir dali), comprei um guidão mais alto para deixar a coluna mais confortável, e troquei meu selim ja que o outro rasgou durante a viagem. Também comprei material para desenho para continuar meus trabalhos e mais duas camisas para pedalar. O dinheiro que consegui deu para comprar o que precisava e ainda sobrou para ajudar a chegar em Belém.
Não deu para fazer muito turismo pela cidade, ja que trabalhei muito por lá, mas conheci uma boa galera que gostava de pedalar tranquilamente pelas trilhas próximas a cidade. Como sempre, fiz amizade com o pessoal do pedal por lá, e acabei sendo convidado para participar de uma trilha em um final de semana, foi como oferecer banana pra macaco (rsrsrs), não poderia ser diferente e aceitei o convite. No domingo do passeio me surpreendi com tanta gente que participou, a galera por lá gosta muito de Montain Bike. O passeio foi de 56 km com mais ou menos 30 ciclistas que partciparam, além do pessoal do bicicros que nos acompanhou até o final, me diverti muito, e ainda teve uma parada em um balneário com água muito agradável para descansar e continuar o pedal. Gostei muito da animação do pessoal que pedala por lá, mas também senti uma falta de uma associação ou algo parecido para organizar melhor passeios e commpetições na cidade, pois acho que o local tem um potencial ciclístico muito grande devido ao grande número de praticantes, e deveria ser melhor explorado pelas secretarias envolvidas com o lazer e bem estar da população.
Em Santarém aprendi muito conversando com as pessoas que encontrava trabalhando com desenho, e de vez em quando ia para a orla relaxar a mente com as belezas do encontro do rio Tapajós com o rio Amazonas. Gostei muito da cidade, tanto pelo ambiente tranquilo como pelas amizades que conquistei. Queria aqui agradecer toda a ajuda que recebi de meu amigo Alexandro e sua família, pois no tempo que passei por lá me senti super bem na forma como me trataram. Não poderia deixar de sentir saudades de todos e a certeza de que me senti também um pouco em casa com todo o bom tratamento de todos.

PONTOS TURÍSTICOS e EVENTOS em Santarém
Uma das atividades econômicas de maior crescimento é o turismo, que tem como atrações as praias, cachoeiras, lagos, escursões ecológicas na mata e as inúmeras tradições e festas folclóricas. Santarém é conhecida como a Pérola do Tapajós, em frente a cidade acontece o encontro das águas barrentas do rio Amazonas com as águas verde do rio Tapajós.
Os dois maiores eventos culturais da cidade são a festa do Sairé realizada na Vila de Alter do Chão durante o mês de setembro, durando cerca de 5 dias. Nesta festa ocorre a disputa dos botos Tucuxi e Cor-de rosa. No final do mês de novembro é realizado o Círio de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da cidade, onde a festa se estende até o dia 8 de dezembro, acontecendo além da parte religiosa, o arraial com tradições culturais e a Caminhada de Fé com Maria, saindo da Vila de Mojuí dos Campos, percorrendo 37 km até a Catedral de Santarém.




quinta-feira, 3 de março de 2011

Alenquer - PA

Saí do Vale do Paraíso as 08:00 horas muito mais motivado depois de ver toda a beleza do lugar. Segui rumo a Alenquer-PA á 38 km, e no percurso, assim como de costume, fiz amizade com algumas pessoas pela estrada como o S. Doca (APELIDO) da Vila do km 18, que me ofereçeu almoço e uma boa conversa até seguir viagem novamente. S. Doca me indicou a pensão mais barata da cidade de Alenquer, ele disse que o lugar era simples, feito de madeira, pequeno e apenas com um ventilador e uma cama, mas enfim o mais barato da cidade, agradeci a dica, pois o que estava querendo mesmo era economizar, pois os gastos as vezes são inevitáveis. Durante a viagem os gastos são bem maiores quando chego nas maiores cidades, principalmente quando não tem ninguém me esperando, pois em uma cidade o índice de violência é bem maior que na estrada, por isso procuro dormir em pousadas ou pensões para garantir minha segurança. Já na estrada é diferente, até mesmo em Vilas e Comunidades o perigo é mínimo, e nestes lugares procuro dormir em coberturas de mercados ou mesmo em lugares sedidos pelos moradores, além disso na estrada sempre rola uns convites para refeições, me ajudando a ecomizar bastante.
Chegando em Alenquer foi fácil achar a Pensão que me haviam me indicado, e realmente o lugar era simples mas ótimo para descansar, ausente de barulhos e perturbações, além de é claro, barato. Descansei bem, pois o último dia de pedal foi intenso, devido as más condições da estrada e do sol forte.
Minha intensão em Alenquer era trabalhar um pouco com meus desenhos e conhecer a cidade, mas nenhum dois foi possível, já que os três dias que lá permaneci choveu bastante. Ainda dei umas voltas pelas praças durante a noite, mas na cidade não tinha atrativos turísticos além da praça do cruzeiro (lugar de onde dá para visualizar quase toda a cidade), que aliás estava muito mal conservada, mesmo assim tirei algumas fotos e decidi pegar novamente a estrada.

Ao sair planejei passar por um lugar muito comentado pela região, chamado de Cidade dos Deuses localizado á 36 km de Alenquer. O lugar tem o nome devido a possuir várias pedras com formatos que lembram algumas imagens como elicóptero, tartaruga, taça e outros, tudo feito pela erosão causada da ação do vento nas rochas durante milhares de anos. Tirei muitas fotos por lá, e ainda tive uma experiência que jamais vou esquecer, pois o lugar fica logo após a Vila Mulambeira e dentro não tem morador, para entar lá é necessário um guia, mas quando cheguei não havia nenhum, e como estava com um pouco de pressa para seguir novamente pela estrada decidi conhecer sozinho mesmo. Foi então que acabei me perdendo, ao chegar lá encostei a bike e fui caminhando e tirando fotos das pedras, o lugar é muito amplo apenas com mato e pedras altas com diversas formações, e o que aconteceu foi que chegou uma hora que não lembrava de que lado tinha vindo, e fiquei durante quase duas horas sem saber que decisão tomar. Depois de algum tempo com a cabeça mais fria decidi olhar as fotos da máquina para tentar me localizar, e então consegui achar o caminho de volta até a saída.
Não vou esquecer esta experiência, pois foi muito assustador, se tivesse tomado a atitude errada poderia não estar aqui hoje contando a história, mas enfim, serviu como lição, pois jamais entrarei novamente em um lugar parecido sem o auxílio de um guia. Apesar de tudo tirei ótimas fotos e fiz diversos vídeos do local que tem uma beleza natural e concerteza muito mistério que muitos ja tentaram desvendar.
Após sair da Cidade dos Deuses peguei novamente a estrada (ramal Cuâmba), e segui rumo a Comunidade Arumanzal á 30 km para pernoitar antes de seguir rumo a Santarém, nesta comunidade fiz forte amizade com uma família que morava alí, e fui tratado super bem até o último momento que fiquei no local. Acho muito legal esta facilidade que encontro em fazer amizades pela estrada, tudo devido ao espanto que as pessoas sentem ao ver alguém viajando de bicicleta. Enfim, no dia seguinte me despedi dos amigos da comunidade Arumanzal e segui rumo a Vila de Santana para pegar a balsa, neste dia tive que pedalar 80 km por uma estrada de areia, lama, muitos buracos e de vez em quando pedras, mas fiz de tudo para chegar antes das 15:00 horas para pegar a última balsa do dia, pois ja queria pernoitar naquele mesmo dia em Santarém, e deu tudo certo, cheguei meia hora adiantado, exausto, mas descansei na balsa enquanto atravessava o rio para a segunda maior cidade do Pará.
pedras em diversas formas na Cidade dos Deuses, Alenquer- PA
Cidade dos Deuses, Alenquer-PA (pedra em formato de taça)

vista da cidade Alenquer-PA de cima da Praça do Cruzeiro