segunda-feira, 7 de março de 2011

Caminho para Uruará - PA


Saí da Escola da Floresta com a intensão de chegar novamente a Santarém para entregar alguns trabalhos de desenho que haviam me encomendado, quando no meio do caminho avistei uma placa (município de Belterra á 16 km), naquele momento estava chovendo e fiquei na dúvida se iria ou não pegar aquele caminho para conhecer mais um município do Pará. Pensei um pouco e decidi pegar a estrada de barro rumo a Belterra, então com uns 10 km rodados me arrependi de ter tomado tal decisão, pois a estrada estava repleta de lama e o que era pior, ela possuia um barro grudento que travava as rodas da bicicleta me impossibilitando de seguir em frente, sofri muito para chegar em Belterra, foram uns 10 km de sufoco, tinha que parar praticamente de 50 em 50 metros para tirar o excesso de barro dos pneus, mas enfim consegui chegar.
Ao entrar na cidade estava irreconhecível, e todos olhavam para mim repleto de lama junto a bicicleta, na cidade só tinha dois hoteis e ambos estavam lotados, fui atrás de alguma ajuda pela cidade quando encontrei uma casa onde alugava-se quartos, como sempre expliquei minha situação, e a dona do local disse que também não tinha quarto disponível, mas insisti e ela disse que poderia atar minha rede na varanda da casa para aguardar até desocupar um quarto no outro dia, aceitei e fui logo tomar um bom banho, naquele dia dormi como uma pedra de tanto cansaço, e no dia seguinte fui dar uma volta pela cidade depois de passar umas 5 horas lavando a bike de tão suja que tava, não fiquei muito tempo por lá e logo parti para Santarém a 40 km para entregar os desenhos encomendados.
Em Santarém entreguei os desenhos e no outro dia peguei a estrada para Uruará. A distância até Uruará era de 220 km e tive que fazer em três dias, no primeiro dia passei por diversas comunidades, em algumas parei para merendar e só fui parar perto da Usina Hidrelétrica de Curuá-Una já com 70 km pedalados onde conheci um fazendeiro que me hospedou e ofereçeu comida até o dia seguinte.
No outro dia segui novamente pela estrada, até então ao vir de Santarém havia pedalado em estrada asfaltada, mas dali em diante teria que pedalar em uma estrada que havia sido feita recentemente e em situação precária. Logo no início do dia passei por dentro da Usina Hidrelétrica Curuá-Una para poder continuar pela estrada, e dalí por diante começou a parte ruim, pois além da estrada ser deserta , tinha diversos atoleiros e bancos de areias, a parte boa era pedalar dentro da Floresta Amazônica com mata virgem e com um clima super agradável. No caminho me deparei com diversas ladeiras íngremes que me forçaram a empurrar a bicicleta, com 70 km pedalados consegui chegar na Vila do rio Tutuí onde fiz amizade com a Dona de uma mercearia, por lá conversei bastante com os moradores que me enchiam de perguntas sobre a viagem, eles me ajudaram com refeições enquanto estive por lá e fui tratado super bem por todos. Cheguei a ser convidado para um passeio em um barco com motor de rabeta pela beira do rio Tutuí, aceitei o convite e achei super legal, pois pude conhecer um pouco sobre a vida das pessoas ribeirinhas e suas dificuldades para sobreviver no local, contudo todos gostavam da vida tranquila que levavam longe das cidades grandes.
Chegou o dia de pedalar até o município de Uruará e me despedi dos amigos da Vila Tutuí. Apartir daquele momento começaria a pedalar por uma das piores estradas que encontrei desde o início da viagem, jamais havia passado por atoleiros tão extensos. Na estrada tinha de tudo, lama, areia, ladeiras íngremes, descidas que pareciam não acabar mais, árvores gigantes e mata fechada, via constantemente animais atravessando a estrada, e passava horas sem ver ninguém, as únicas pessoas que vi na estrada foi por volta do meio dia, eles estavam á uns 50 metros da estrada e só percebi sua presença devido á uns barris que ficavam na entrada do ramal. Ao me aproximar do local falei que estava viajando e que estava precisando de água, eles me deram água para tomar e ainda me convidaram para almoçar, eles moravam em um barraco feito com lona, mais conhecido como rabo-de-jacú, e trabalhavam com extração de madeira da mata, conversei um pouco com eles e percebi que muitos trabalhavam no mesmo ramo pela região, não sei se o trabalho deles era legal, mas percebi que não havia fiscalização nenhuma e muitas pessoas desmatavam a vontade por ali.
Continuei o percurso e muitas vezes vinha um sentimento de tensão a cada vez que houvia um som de um animal grande, pois as histórias de onças por ali eram muito comum, ainda bem que não encontrei nenhuma pelo caminho, acho que se encontrasse alguma não estaria aqui para contar o resto da história. De todos os obstáculos da estrada os piores eram os atoleiros gigantes que encontrava, neles a bicicleta afundava em tanta lama e ficava difícil até de empurrar, chegando a pensar as vezes que não conseguiria continuar pela mesma estrada. Foi muito difícil mas consegui, cheguei em Uruará exausto como nunca tinha ficado em toda a minha vida, a vontade era de gritar de alegria, tenho certeza que quando for pensar em uma estrada ruim lembrarei desta, esta ficará gravada como uma das maiores experiências que passei em questão de superação física e psicológica.

bicicleta e os atoleiros.

caminhões que transportam a madeira retirada da floresta amazônica.

Usina Hidrelétrica de Curuá-Una.

Fotos da estrada.1

Fotos da estrada.2

Fotos da estrada.3

9 comentários:

  1. Caracaaas kayoo que louco heein , essas estradas, nossa vc estar de parabens, porque se fosse eu ja tinha pirado,e muiito sinitra essas estradas com todos esses atoleiros. Continue firme e forte! Boa viagem e fique com DEUS . Grande abraço

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  2. Nossa,, tem uma estrada que era melhor ter ido de caiaque, mais em fim, boa viagem e continue sempre em frente,....

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  3. Cara, tá mto legal o blog, os relatos, as fotos... Abraço!

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  4. Filhão, tô te acompanhando, e cada vez mais orgulhoso pelo teu trabalho !!!

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  5. Filhão a coisa é realmente como vc diz "A aventura é louca, mas o aventureiro para levá-la a cabo há de ser muito equilibrado !"

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  6. Edvando Alves- Manaus
    Parabens!!
    Saiba que ao final de tudo isso restara somente as lembranças então isso tudo tem quew ser curtido em tempo real! kkkkk

    Um abraço e que Deus te ajude a percorrer por todas essa estradas loucas !

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  7. Segue sempre seu caminho, que Deus te acompanhe.
    Sidnei - Boa Vista

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  8. Nossa q aventura louca, parabéns pelo desempenho... e pela força q vc tem de vencer todos os obstaculos,as fotos estão d+, bjos e fik com DEUS e que ele te acompanhe sempre.

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  9. porrrrrrra de carro já demora imagina de bicicleta.....

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